segunda-feira, 4 de maio de 2009

Celg buscou dinheiro com factoring

A Companhia Energética de Goiás (Celg), que acabou de anunciar as primeiras medidas para sair de uma gravíssima crise financeira, perde milhões de reais, mês a mês, por dois verdadeiros ralos de dinheiro público. Um é a contratação de empréstimos com 21 bancos de pequeno e médio portes e com uma empresa de factoring, que lucraram R$ 184,9 milhões em 2008 somente com juros, taxas e tarifas cobrados da estatal. O outro são os contratos de terceirização de serviços: 17 procedimentos do Ministério Público (MP) estadual, aos quais O POPULAR teve acesso, apuram suspeita de superfaturamento e de serviços contratados e não-prestados à companhia.

São empresas que alugaram carros, microcomputadores, impressoras ou que venderam serviços de seguro, limpeza e advocacia. Os preços cobrados e os serviços prestados estão sendo investigados. Até uma licitação internacional aberta pela Celg – cujo objeto a ser contratado não fica claro – é questionada pelo MP.

O órgão reuniu em um relatório informações sobre os 56 inquéritos civis públicos que apuram irregularidades na estatal. Os promotores que atuam na área de defesa do patrimônio público precisaram dar um despacho nos procedimentos, muitos deles parados desde 2004. Dos 56 inquéritos, 17 – 30,3% – referem-se à contratação de empresas privadas para prestarem serviços à Celg.

É esta a principal fonte de problemas administrativos e judiciais para a companhia, como mostra o relatório do MP.

Na assembleia geral da Celg, realizada na última quinta-feira, 30 de abril, o presidente da estatal, Carlos Silva, anunciou que os contratos de terceirização serão revisados e as dívidas com os pequenos bancos deverão ser renegociadas. Segundo o presidente, outras medidas serão tomadas para que a Celg consiga um alívio no endividamento de R$ 5,7 bilhões, como o corte de 50% das gratificações e das horas extras, a diminuição de cargos na diretoria e a destinação de três gestores para monitorar cada um dos 46 contratos de terceirização em vigor. Hoje, apenas um gestor é responsável por cada contrato.

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